Para se obter êxito com relação à performance esportiva, é necessária uma correta prescrição do treinamento. Adaptações como o aumento do volume sistólico, o aumento do débito cardíaco máximo, o aumento do metabolismo oxidativo do músculo esquelético e o aumento do consumo máximo de oxigênio possibilitam um melhor fornecimento e utilização de oxigênio e de substratos energéticos durante o exercício físico aumentando a capacidade do atleta em resistir ao esforço físico por uma intensidade e duração maiores (Evangelista e Brum, 1999). Alterações na força e potência muscular também são importantes para a maximização daperformance esportiva (Barquilha et al, 2010). Porém é comum a redução ou interrupção do treinamento, podendo trazer como conseqüência a redução da performance esportiva.
Hickson et al (1985) após um período de 10 semanas de ciclismo e de um programa de treinamento com corrida de 40 minutos por dia 6 vezes por semana, reduziram a intensidade de trabalho de seus sujeitos moderadamente ativos de 33% e 66% durante 15 semanas enquanto mantiveram o volume de treinamento e freqüência. O grupo, ao reduzir a intensidade para 33% demonstrou redução significante em VO2máx após 10 a 15 semanas de treinamento reduzido, mas os valores permaneceram acima dos níveis anteriores (basal) ao treinamento. O VO2máx foi significativamente reduzido por volta da 5ª semana de treinamento no grupo que teve 66% de intensidade reduzida e o VO2máx não foi mais alto do que o do de pré-treinamento após 15 semanas do treinamento reduzido.
Hickson et al (1982) ao tentarem investigar as respostas fisiológicas de um volume de treinamento reduzido, diminuíram o treinamento para 26 e 13 min por dia durante 15 semanas, enquanto que a intensidade de treinamento e a freqüência permaneceram constantes, após 10 semanas de treinamento regular de ciclismo e corrida de 40 min por dia, seis dias por semana. O VO2máx após o treinamento e o pico de concentração de lactato no sangue e a massa ventricular esquerda calculada, o desempenho e a resistência de curta duração foram mantidos após o treinamento reduzido em ambos os grupos, mas a resistência de longa duração diminuiu no grupo dos 13 min.
Em competidores de natação também foram estudados os efeitos da redução combinada de freqüência de treinamento e volume. Após cinco meses de treinamento regular, 8.300m por dia, seis vezes por semana, os nadadores foram designados a um treinamento em grupos de 2800m por dia, uma vez por semana, ou nenhum treinamento em grupo durante quatro semanas. O volume de oxigênio máximo e os mecanismos de braçadas foram mantidos apenas no 1º grupo. Embora a resistência muscular fosse mantida em todos os grupos, a força de natação foi significativamente diminuída.
Oliveira et al (2009) realizaram um estudo com sete atletas de handebol do sexo feminino, no qual investigaram o efeito de 40 dias de destreinamento na força máxima dinâmica (meio agachamento até 90º, supino reto, rosca direta e remada alta); máxima velocidade adquirida (teste de corrida em 20m); resistência abdominal; salto horizontal; salto vertical; e arremesso de medicineball de 2kg. As análises foram feitas a partir de uma periodização de 19 semanas. Nesse período foram aplicadas quatro etapas de treinamento que envolveu: resistência muscular localizada; hipertrofia; treinamento de força máxima; e força explosiva. Ao final da temporada, 48h após a última partida, foram realizados os testes (período de treinamento; PT) e 40 dias após o período de destreinamento (PD). Foi observada redução significativa na força muscular no meio agachamento (p=0,01) após 40 dias de destreinamento. Também houve um aumento significativo no tempo para completar o teste de 20m (p=0,03). Nos outros testes realizados não foram observadas diferenças estatisticamente significantes.
Já Marques & Gonzáles-Badillo (2006) avaliaram o salto horizontal contra-movimento e de velocidade de arremesso da bola após sete semanas de interrupção dos treinamentos de força resistida, não sendo observada alteração significante na força explosiva através do salto horizontal, porém com redução do desempenho na velocidade no arremesso da bola.
REFERÊNCIAS
EVANGELISTA, F.S. & BRUM, P.C. Efeitos do destreinamento físico sobre a “performance” do atleta: uma revisão das alterações cardiovasculares e músculo-esqueléticas. Rev. paul. Educ. Fís., 13(2): 239-49, 1999
HICKSON, R. C.; FOSTER, C.; POLLOCK, M. L.; GALASSI, T. M.; RICH, S. Reduced training intensities and loss of aerobic power, endurance, and cardiac growth. J Appl Physiol, Bethesda, v. 58, p. 492-429, 1985
HICKSON, R. C.; KANAKIS, J. C.; DAVIS Jr., MOORE, A. M.; RICH, S. Reduced training duration effects on aerobic power, endurance, and cardiac growth. J Appl Physiol, Bethesda, v. 53, p. 225-229, 1982.
MARQUES A.C.M, GONZALES-BADILLO J.J. In-season resistance training and detraining in professional team handball players. J Strength Cond Res. 2006;20(3):563-71.
OLIVEIRA V. L, et al. Efeito de um período de destreinamento sobre variáveis neuromusculares em atletas de handebol. Fit Perf J. 8 (2):96-102, 2009.
SANTOS et al. Características de treinamento em indivíduos altamente treinados: redução de carga de treinamento. R. da Educação Física/UEM, v. 13, n. 1, p. 79-87, 1, 2002
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