terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA COM NUNO COBRA,SOBRE RONALDO


"Se eu tiver o Ronaldo nas mãos por seis meses ele disputa a Copa de 2014".
A promessa é de ninguém menos do que Nuno Cobra.
Fisiologista que transformou Ayrton Senna em um atleta de verdade, o melhor preparo físico da Fórmula 1.
Em entrevista exclusiva, Nuno revela a máfia dos preparadores físicos que o deixou afastado do futebol.
E o quanto se motivaria em acabar com a aposentadoria de Ronaldo...
Nuno, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez diz que sonha com a volta de Ronaldo.
Garante que depois de dois ou três meses ele voltará por saudade aos campos.
Isso é possível?
A aposentadoria do Ronaldo agora será o maior desperdício do mundo.
Ele tem 34 anos.
Fisiologicamente, o potencial de um homem é igual dos 20 aos 40 anos.
Basta trabalhar muito e de maneira inteligente.
Um atleta precisa ser tratado fisicamente, espiritualmente e mentalmente.
O Ayrton Senna chegou até mim arrasado.
Inseguro, travado, sem confiança.
Mal conseguia se erguer em uma barra.
No fim dos dez anos do meu trabalho com ele, estava quase um atleta olímpico.
O que é necessário é motivação, perseverança, vontade.
Só depende do Ronaldo.
Ele está parando com o futebol por falta de orientação.
Mas Nuno, ele diz que perdeu para o corpo.
Está gordo, com dores...
Eu treinava o tenista Cesar Kist e o fazia correr com dois coletes de dois quilos.
Ele reclamava, desanimava, sentia dores no corpo todo.
Depois, sem eles, seu preparo na quadra era excelente.
Eu te pergunto, Cosme, com quantos coletes o Ronaldo estava jogando nestes últimos jogos?
Com pelo menos uns oito.
Ele deve estar 16 quilos acima do peso.
Quem joga sem dor com oito coletes no corpo?
O Ronaldo é um fenômemo do lado fisiológico.
Ele tem fibras rápidas demais nas pernas de um jogador.
Por isso fazia o que queria com os zagueiros.
Agora, com 16 quilos a mais é impossível...
Nuno, e em relação aos cigarros e as bebidas alcóolicas que ele aprecia?
O Neto não conseguia dar um pique de 100 metros.
Quando comecei a trabalhar com ele, estava bebendo como um louco.
Comigo ele parou.
E fomos treinar em Campinas.
Depois de dar uma volta em velocidade em parque de lá, ele começou a chorar, me agradecendo.
Eu não peço para os atletas pararem com seus vícios.
Eles percebem a importância de respeitar o próprio corpo.
Uma pena que meu trabalho teve de ser interrompido com o Neto porque o supervisor do Corinthians soube.
E o Neto foi proibido de treinar comigo.
Há uma máfia absurda no futebol entre os preparadores físicos.
Você teve outra experiência parecida?
Treinei o Hugo Hoyama, um dos melhores mesotenistas de todos os tempos no Brasil.
O resultado foi tão bom que o pai dele, conselheiro do Palmeiras, ficou empolgado.
Me recomendou para o clube.
Queria que eu recuperasse o Edmundo, o Animal.
Mas não deixaram nem eu chegar perto dele.
Ficou claro para mim a existência da máfia no futebol e só por isso não trabalhei com grandes jogadores.
Voltando ao Ronaldo, você disse que ele deve o fim precoce de sua carreira a um método burro?
Sim. A sua estrutura é de uma pessoa magra.
Quando ele foi jogar na Europa, fizeram com que ele ganhasse massa de uma maneira estúpida, burra.
Musculação intensa e o encheram de suplementos, como a um cavalo.
Não levaram em consideração a sua formação fisiológica, suas articulações.
Com o peso excessivo ele sempre ficou sujeito a lesões.
E elas vieram.
O caso do Ronaldo é clássico, bem nítido o erro na formação física desse talento extraordinário.
Você resolveria como a falta de motivação de Ronaldo para continuar?
O Ronaldo precisa redescobrir a alegria de ser um atleta respeitado.
Ser chamado de baleia, gordo, pançudo quebra a motivação de qualquer um.
O trabalho tem de ser feito primeiro na mente de Ronaldo.
Ele precisa voltar a se gostar, a se enxergar como jogador de futebol.
Ter orgulho do seu corpo.
Ele é privilegiado por Deus.
Ninguém tem tanto talento como atacante no futebol mundial.
Parar com 34 anos é um crime!
Se eu tivesse seis meses com ele, Ronaldo voltaria a ser Ronaldo.
Disputaria a Copa de 2014...
E jogaria até os 40 anos, brincando.
Só peço seis meses.
E nem precisa me pagar um tostão.
Faria isso por amor, por prazer de salvar tanto talento que está sendo jogado fora...

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